Conselheiro de Inteligência Artificial: consenso setorial e confiança no futuro híbrido entre humanos e robôs

A inteligência artificial se arvora numa lógica cada dia mais natural de reciprocidade entre homens e robôs, com ramificações em diversas áreas, de games à filosofia. Uma ciência com fenomenal capilaridade, que pode alcançar aplicações em quase tudo, especialmente, sob a perspectiva das plataformas digitais. Estima-se que até o final de 2024, 75% das empresas virarão a chavinha da etapa piloto para a fase “valendo” da operacionalização da IA, com quantidade cinco vezes maior de dados de streaming e infraestruturas analíticas. Em breve, a Inteligência Artificial Explicável (xAI, no inglês) será capaz de escutar perguntas subjetivas, vindas de pessoas comuns, e dar sugestões e justificativas com argumentos claros.

Em sincronicidade com o sinal dos tempos de omnicanalidade no ciclo digital de consumo, a tecnologia IA se enraizará de forma tão profunda e sem precedentes que até estudiosos do tema hesitam em fazer um exercício de futurologia. De acordo com o estudo Distrito Inteligência Artificial Report 2021, logo atingiremos um estágio em que a utilização de IA será tão essencial quanto o uso da internet. Está em curso um choque de realidade; os universos paralelos de dados e analytics, que já vinham se aproximando, irão colidir de vez e formar um bloco indissociável. O impacto das IAs Forte e Fraca serão sentidos além do espaço onde orbitam as tecnologias, afetando também a vida das pessoas que as utilizam, os processos que a permeiam e os recursos envolvidos.

Apoio às plataformas: um pé em cada continente e cabeça na IA

“Com as tecnologias de ponta, é comum vivenciarmos fases de hypes, ciclos de grande entusiasmo. Isso tem acontecido com Blockchain, IoT (Internet of Things) e também com Inteligência Artificial. É comum as empresas darem os primeiros passos para adoção das novas tecnologias sem a menor ideia de que problemas vão resolver com elas. Temos duas questões essenciais que deveriam ser o ponto de partida na IA: conceito e ética”, diz o doutor em direito, Eduardo Magrani, após assumir o recém-criado Conselho de Inteligência Artificial da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O).

Ao sentir que já há uma tendência cada vez mais clara das empresas investirem em inteligência artificial e novas tecnologias, a entidade sem fins lucrativos, que representa os interesses coletivos da economia digital e reúne mais de cem plataformas, fez o convite; aceito pelo pós-doutor na Universidade Técnica de Munique (TUM), afiliado ao Berkman Klein Center na Universidade de Harvard e advogado sócio de um renomado escritório de advocacia brasileiro. “Vamos criar massa crítica para apoiar as empresas na área de IA. As plataformas digitais associadas ABO2O, com perfil disruptivo e metodologias ágeis, são os atores ideais para encabeçar o debate em patamar elevado e construir boas práticas”, afirma o expert, que em sua nova posição, aconselha: “Precisamos criar consenso sobre o que é IA e nos perguntarmos: o que estamos fazendo, estrategicamente, para lidar com o gap regulatório e ético desta nova realidade a ser introjetada no País”.

O empossado conselheiro brasileiro, com a experiência de quem atuou como ponto focal global em direito digital, inteligência artificial e proteção de dados da fundação alemã Konrad Adenauer (vinculada ao governo germânico) pactua: “o Conselho de Inteligência Artificial ABO2O deve assumir um papel de referência no fomento às políticas setoriais voltadas à tecnologia e orientar avanços de IA no Brasil”.        

O Conselho de Inteligência Artificial ABO2O deve assumir um papel de referência no fomento às políticas setoriais voltadas à tecnologia e orientar avanços de IA no Brasil

 Reskilling para transpor gap e introjetar a  IA “como ela é” no Brasil

“Quando empresas pensam em IA, geralmente, se limitam às aplicações em prol de melhor experiência do usuário e aumento da eficiência de serviços e processos internos, mas não sabem muito bem sobre como construir inteligências artificiais responsáveis”, explica. “O que a associação espera de mim é a soma de expertise para orientar as plataformas digitais aptas a construir e implementar inteligência artificial em suas bases éticas de governança no Brasil”, pondera, ciente de que países do norte global, como EUA e Alemanha, possuem políticas e estratégias de IA desenhadas com proposições de regulação em andamento. “Costumo brincar que inteligência artificial em si não significa absolutamente nada. É um termo vazio. Inteligência artificial na verdade é estatística sobre Big Data, é matemática aplicada; função. Convencionou-se um buzzword de inteligência, que transmite a ideia de emular processos decisórios humanos em máquinas que vão realizar desafios de forma automatizada, assim como a gente faz com as nossas redes neurais orgânicas. Mas esse é um termo que compreende  muita coisa”, comenta.

A Inteligência de Decisão já é pauta predominante na economia digital em 2021 e a chefe de Decision Intelligence do Google, Cassie Kozyrkov, declarou recentemente: “essa disciplina reúne o melhor das ciências de dados, social e gerencial para melhorar a vida dos negócios e liderar projetos de Inteligência Artificial”. Segundo estudo global da Gartner, a previsão é que, até 2023, cerca de 33% das grandes organizações terão analistas dedicados à inteligência de decisão dando suporte a  várias áreas.

Salto de confiança

É fato que a IA avançou para comandos mais refinados,  mas não é uma relação unilateral. “Cada vez mais nos relacionamos com robôs e usamos ferramentas que vão mudando o nosso comportamento e modo de vida; a interação entre humanos e máquinas é muito híbrida, com efeitos que entram no campo ético”, alerta. Já para acompanhar as transformações laborais aceleradas pelas novas tecnologias, o também professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e presidente do Instituto Nacional de Proteção de Dados (INPD) diz que “a lição, já em prática em outros lugares do mundo, é o Reskilling (requalificação) profissional em ampla escala”; cabe ao Brasil aprender sobre essa realidade em curso e estruturar um plano contingencial que acompanhe o conceito de lifelong learning, estratégia de aprendizado contínuo.

Quebrando tabus depois de um longo inverno

“O Brasil deve configurar o estado da arte em relação aos outros players. E a Nova Economia é uma boa guia. No setor da saúde, que lida com dados muito sensíveis e com uma questão inerente à vida, temos avanços muito interessantes e quebra de paradigmas protagonizados pelas healhtechs, de grande valia para a sociedade, como a autorização da Telemedicina (pós-pandemia), por exemplo. O mercado mostrou agilidade e inovação nos modelos de negócios, criou agendas setoriais propositivas junto aos reguladores que romperam tabus de longa-data. Na outra ponta da conexão, a sociedade reconheceu os benefícios da tecnologia. Se seguirmos passos assim experimentaremos outros níveis de inteligência artificial, muito além de chatbots conversacionais; o desenvolvimento de produtos e soluções a partir de inteligência de um processo decisório algorítmico. A indústria será, além de expoente da mudança, a maior beneficiada”.

Amadurecimento e representatividade: o florescimento do IA

“A rivalidade entre humanos e robôs é muito negativa para avanços na confiança da inteligência artificial. É nosso papel quebrar essa corrente de pensamento que se arrasta há décadas e agir estrategicamente daqui em diante. Porque a inteligência artificial pode, sim, substituir funções humanas; tudo que for previsível e repetitivo será substituído por robôs. O Conselho de IA abordará a necessidade de compliance, privacy by design e security by design, como protocolos válidos para diversos portes de empresas, incluindo startups, em sintonia com novos tempos e melhores práticas”, antecipa. Este temor histórico da raça humana é desencorajado por um estudo do MIT feito no ano passado que conclui: “robôs serão colegas dos humanos, e não rivais”; a chave da inovação não está nos robôs, mas no novo mindset do trabalho entre máquinas e seres humanos. “Imaginar que a inteligência artificial foi cunhada nas décadas de 40 e 50s, quando não tínhamos dados suficientes é pensar que ainda havia uma falta de luz sobre a tecnologia; vivíamos o inverno da IA. Agora, na era do Big Data, a humanidade vai fazer a inteligência artificial florescer”, conclui o conselheiro de inteligência artificial, pronto para as belezas das oportunidades futuras e os espinhos que exigem cautela na hora de semear as bases para novas safras cibernéticas. No horizonte nacional, um ditado popular é uma metáfora para o cenário de migrações tecnológicas e articulações : “uma andorinha só não faz verão”.

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