Ao conviver de perto com os gargalos da “última milha” (last mile) do e-commerce, dois empreendedores que trabalharam na B2W (dona da Americanas e do Submarino) resolveram fundar uma plataforma que pudesse ligar varejistas a entregadores. A startup Eu Entrego atende 160 grandes empresas de varejo e está investindo na abertura de 18 “dark stores” para aproximar cada vez mais a mercadoria do consumidor final. A logtech nasceu em 2017. “O João Machado, meu sócio, era o cara da tecnologia e eu vinha de um histórico de 20 anos em negócios. Trabalhando juntos na B2W, percebemos que o grande gargalo para o e-commerce continuar crescendo é a logística, sobretudo na última milha em lugares mais remotos”, afirma o fundador da Eu Entrego, Vinicius Pessin.
A plataforma conecta varejistas a uma rede de entregadores autônomos que utilizam seus carros de passeio e bicicletas elétricas para realizar entregas. Hoje, a empresa tem 2,6 mil pontos de coleta e está presente em mais de 300 cidades, com a meta de chegar a 600 até o final do ano.
Na carteira de clientes, estão os grupos Boticário, Cobasi, Ri Happy, Riachuelo, Arezzo, Centauro, entre outros. Segundo Pessin, o foco da Eu Entrego são médios e grandes varejistas e a projeção da empresa é registrar um crescimento de 25% em 2022, para R$ 50 milhões. “Estamos crescendo sobre uma base muito forte”, destaca.
Tendência
Segundo o sócio-diretor do Instituto Ilos, especializado em logística, Maurício Lima, há uma tendência de crescimento das plataformas que conectam varejistas a entregadores. “Mas esse tipo de solução ainda está muito ligado a transportadoras”, afirma.
A Eu Entrego está investindo R$ 12 milhões – com capital próprio – na abertura de 18 “dark stores”. Pessin chama esses estabelecimentos de pontos de transição, espécie de mini galpões em regiões estratégicas das cidades, onde as mercadorias chegam, passam pouco tempo e já saem para entrega. “Continuamos fazendo coleta em lojas físicas, mas observamos que esse fenômeno começou a atrapalhar o funcionamento quando os pedidos aumentaram significativamente”, esclarece.
Conforme o empreendedor, a complexidade de realizar entregas em 24 horas ou no mesmo dia é gigantesca. “Há uma janela de poucas horas para aprovação do pedido, separação, emissão da nota e entrega de fato”, relata. “Em nossa visão, nos próximos dois anos, o fenômeno das dark stores vai protagonizar a corrida das entregas rápidas”, acrescenta Pessin.
A expectativa da Eu Entrego é realizar 6 milhões de entregas em 2022, avanço de 50% em relação ao ano passado. Na plataforma, estão cadastrados mais de 400 mil entregadores independentes. “A grande questão é que hoje o consumidor quer receber o produto rapidamente, mas é impossível num país de dimensões continentais oferecer entrega no mesmo dia se não levar o estoque próximo ao consumidor.”