Na última semana, uma pesquisa encomendada pela Microsoft, produzida pela Edelman, divulgou os resultados da terceira edição de uma pesquisa que mede o processo de digitalização das micro, pequenas, médias empresas – e que, evidentemente, podem interessar a todo ecossistema digital do Movimento Inovação Digital (MID).
Uma das conclusões aponta que, após a intensa corrida para ampliar a adoção de tecnologia nos três últimos anos, processo impulsionado pela pandemia de COVID-19, 98% dos entrevistados, cujos negócios estão em transformação digital, reconhecem o impacto positivo deste movimento. A pesquisa, intitulada Transformação Digital para MPMEs, mostrou que de 2021 para 2022, alguns desafios como o de conectividade e hardware foram superados pela maioria das respondentes.
A pesquisa, feita com 312 líderes e tomadores de decisão de micro, pequenas e médias empresas em diversos setores da economia, realizada no período entre 14 e 15 de novembro de 2022, buscou entender a experiência da transformação digital após a pandemia, considerando tendências, expectativas e necessidades sobre fatores-chave da digitalização.
Os dados da pesquisa mostram que a tecnologia é considerada uma aliada pela maioria das empresas na hora de enfrentar desafios de negócios. Entre as que enfrentam desafios relacionados à cadeia de suprimentos, por exemplo, 96% consideram que soluções tecnológicas podem ajudar a superá-los. Já para 25%, ferramentas de inovação podem dar suporte para resolver questões relacionadas à eficiência e produtividade e, para 21%, elas contribuem para a adaptação ao modelo de trabalho híbrido.
Ainda segundo a pesquisa, em 2022 a conquista de novos clientes e o aumento nas vendas estão entre as principais preocupações de 35% dos entrevistados, seguidas por cibersegurança, com 31%, e ganho de eficiência e produtividade, com 27%. “As tecnologias estão em constante renovação. Por isso, buscamos entender quais são as principais lacunas do mercado, especialmente pós-pandemia, e como podemos ajudar as empresas a alcançar seus objetivos e fazer mais com menos”, diz Andrea Cerqueira, vice-presidente de Vendas Corporativas para Clientes e Startups na Microsoft Brasil.
O impacto da transformação digital nos negócios da MPMEs
Cerca de 92% das empresas que responderam a pesquisa consideram que estão em processo de transformação digital. Destas, 81% afirmam que a digitalização está acontecendo de forma bastante rápida. Neste processo, 47% das empresas estão priorizando a otimização do uso de dados para a inteligência de negócios, 41% buscam o recrutamento e treinamento de talentos em tecnologia e 40% estão focadas na aquisição e adoção de novas tecnologias. Entre as oportunidades, 47% das empresas pesquisadas enxergam na inovação uma forma de gerar mais ganhos operacionais e comerciais, já para 43% e 40% a adoção de novas tecnologias pode apoiar, respectivamente, na conquista de novos mercados e na melhora da relação com clientes e fornecedores.
Apesar do avanço, quando se trata de criar uma cultura de transformação digital, ainda há um longo caminho a percorrer. A pesquisa mostrar que a maioria das empresas, 72%, investirá em tecnologia nos próximos meses, mas apenas 28% têm isso como prática recorrente. “Para uma empresa sobreviver e se manter competitiva na economia 4.0, ela precisa ter a inovação como um pilar de negócio. É preciso ter uma cultura de investimento contínuo em tecnologia, pois o mundo está mudando cada vez mais rápido, novas soluções e produtos surgem a todo momento e as empresas têm que estar preparadas para esse cenário, ou acabarão perdendo mercado”, alerta Andrea.
Trabalho remoto e híbrido
A cultura digital também pode ser observada no modelo de trabalho escolhido pelas MPMEs no Brasil. O trabalho remoto ou flexível está presente em 55% das empresas, destas, 93% disseram estar satisfeitas com um modelo de trabalho flexível. Porém, quando o regime de trabalho é híbrido, em 71% das pequenas e das médias empresas os funcionários passam mais de 50% do tempo trabalhando presencialmente. Já nas microempresas, essa proporção é de apenas 39%. Para facilitar o trabalho remoto e híbrido, 67% das empresas investiram na compra de notebooks e outros equipamentos portáteis, 59% buscaram promover treinamentos e 51% e 50% aplicaram recursos na adoção de plataformas de videochamada e trabalho colaborativo, respectivamente.
Além do aumento do bem-estar dos funcionários, 47% das empresas pesquisadas veem no trabalho remoto uma oportunidade de redução nos custos operacionais da companhia e esta proporção é ainda maior entre as empresas não nativas digitais, atingindo 58%. O aumento da produtividade é outra vantagem destacada por 40% das empresas que responderam à pesquisa. Por outro lado, quando questionados sobre quais as barreiras enfrentadas na adoção deste modelo trabalho, 32% afirmam que é a produtividade. “Ao mesmo tempo que s líderes enxergam a tecnologia como forma de trazer ganhos operacionais, eles também a classificam como um desafio de eficiência e produtividade. Essa afirmação faz parte do processo de amadurecimento e transformação das empresas”, explica Cerqueira.
Capacitação e recrutamento de talentos
A pesquisa mostra que para 86% das MPMEs a tecnologia torna o recrutamento de funcionários mais eficiente. Segundo as empresas, em geral, a tecnologia facilitou, oferecendo mais diversidade e qualidade aos processos de recrutamento e à contratação de funcionários. Mesmo assim, boa parte das empresas passou por reestruturações ou enfrenta dificuldades para compor o quadro de funcionários, 46% disseram que tiveram de realizar corte de funcionários e 43% tiveram dificuldades com demissões e totalidade de pessoal. Além disso, mais da metade (61%) está preocupada com a capacidade de atrair ou reter (59%) os melhores talentos.
Entre as empresas pesquisadas, 77% disseram trabalhar com políticas de trabalho híbrido, flexível e remoto, 71% mudaram o perfil que procuram, priorizando mais competências tecnológicas e 63% aplicaram contratos temporários por hora ou projeto.
Cibersegurança e uso de dados
Em relação à cibersegurança, outro ponto central da pesquisa, cerca de metade das empresas relataram que já enfrentaram problemas de segurança, e aproximadamente 82% dos líderes disseram ter este como tema prioritário. Contudo, essa preocupação ainda não está totalmente refletida na implementação de treinamento dos funcionários, presente apenas em 74% dos negócios. Questionadas sobre as políticas internas, mais de 70% das empresas adotaram algum tipo de política específica para o assunto, enquanto 50% já enfrentaram problemas com cibersegurança.
Sobre a manutenção das ferramentas de segurança e privacidade, a pesquisa mostra que boa parte das empresas pode não ter total compreensão dos ganhos e o significado de centralizar e automatizar atualizações dos sistemas. Mesmo que em 79% das empresas as atualizações de cibersegurança estejam automatizadas e centralizadas, ou sob responsabilidade de uma pessoa ou equipe, em 61% a atualização é responsabilidade de cada funcionário.
“Cibersegurança e privacidade de dados é um assunto central para a Microsoft, presente em toda a estratégia de negócio e nas nossas soluções. Defendemos que a privacidade e a proteção de dados é um direito humano fundamental e, por isso, os usuários devem ter total controle das suas próprias informações, por isso é tão importante investir nos treinamentos”, detalha Cerqueira.
A aquisição de antivírus foi a principal ação tomada no período, representando 55% das empresas, que relataram ter adotado a medida para se adaptar ao trabalho remoto/híbrido, seguida pelo treinamento dos funcionários com 49%. Do total investido por todas as MPMEs em tecnologia, em média, 27% do orçamento foi destinado à segurança cibernética. Entre as empresas nativas digitais, essa porcentagem sobe para 33% e cai para 21% nas não nativas digitais.
A pesquisa mostra que a segurança cibernética é um dos principais desafios enfrentados, principalmente, pelos negócios de médio (37%) e pequeno porte (35%). Entre as empresas nativas digitais, este é um desafio para 40% delas, enquanto apenas 23% das não nativas digitais disseram ter este problema.
Quando questionadas sobre as soluções da Microsoft, para quase a totalidade dos negócios entrevistados (97%) as ferramentas oferecidas pela empresa são amplamente adequadas para atendê-los, sem diferenças relevantes relacionadas ao porte da empresa ou à indústria em questão. As soluções mais utilizadas são: o Microsoft 365 (71%), seguido pelo Outlook/Hotmail (59%) e One Drive (54%). Já o Microsoft Azure, Dynamics 365 e Power Apps são mais mencionados por pequenas e médias empresas, nativas digitais ou não. As pequenas empresas também se destacam por serem as que mais possuem Power BI, com cerca de 30%.
Evolução na maturidade digital das MPMEs nos últimos três anos
Na primeira edição da pesquisa, realizada em 2020 e divulgada em 2021, os dados já apontavam uma tendência de continuidade da adoção de tecnologias. Na época, 82% das MPMEs brasileiras diziam ter a intenção de seguir a digitalização por meio de novas ferramentas. No início, o principal investimento das MPMEs foi em plataformas de comunicação e colaboração, com 66% dos entrevistados apontando que os softwares de vídeo chamadas seriam as principais mudanças em relação à adoção de tecnologia, seguidas por nuvem e software de trabalho remoto (ambos com 55%). Já em 2022, 51% das MPMEs disseram investir em soluções de vídeo chamada.
A segunda edição da pesquisa, realizada no final de 2021 e divulgada em fevereiro de 2022, mostrou que as MPMEs estavam em processo acelerado de digitalização. Já na comparação entre 2021 e 2022, os dados mostram que muitas empresas conseguiram resolver os desafios iniciais de infraestrutura, como conexão com a internet, software e hardware. Enquanto 47% das empresas disseram ter problemas de conectividade nos primeiros anos da pandemia. A pesquisa atual, mostra que apenas 29% apontaram esta questão com um problema. No entanto, outros desafios ganharam relevância nesta terceira edição da pesquisa, como a preocupação com a produtividade dos funcionários, que passou de 14% em 2021, para 32% em 2022, e a capacitação e adaptação às novas tecnologias, que era um desafio para 18% dos líderes e passou a ser para 28%.
Na comparação entre 2021 e 2022, também houve um aumento no investimento em tecnologias inteligentes focadas na melhoria do relacionamento com cliente e na tomada de decisão baseadas em dados. Cerca de 40% das empresas disseram estar atentas às relações com clientes e fornecedores e 35% às soluções de inteligência de dados. Em 2021, as proporções eram, respectivamente, 11% e 28%. Além disso, tecnologias de entrada como hardware e antivírus ganharam relevância nos investimentos das empresas, com 53% em 2022, contra 48% em 2021, assim como marketing digital, que subiu de 33% em 2021 para 44% em 2022. Em relação à contratação de pessoas, o mercado buscou mais por habilidades em tecnologias avançadas (IA, big data e programação). Segundo a pesquisa, esse foi o foco de 45% das empresas no momento de recrutar em 2022, contra 22% em 2021.
Em relação à cibersegurança, em 2020, segundo dados declarados à época, houve um aumento na adoção de políticas de segurança cibernéticas, principalmente entre as microempresas, quando 51% delas disseram implementar algum tipo de solução e 52% das MPMEs afirmavam estar preparadas para enfrentar os desafios da segurança cibernética. Entre 2021 e 2022, ainda que discretamente, a maturidade das MPMEs em relação à cibersegurança também aumentou. Houve um crescimento na proporção de empresas que alteraram políticas de cibersegurança em razão da transformação digital, passando de 74%, em 2021, para 80%, em 2022. Já a adoção de políticas de uso de VPN subiu de 71% para 73%, no mesmo período, respectivamente. Enquanto isso, a porcentagem de empresas que declararam já ter sofrido ciberataques permanece em 50%.
Sobre a pesquisa
A pesquisa realizou 312 entrevistas online, por meio do site Offerwise, com autodeclarados líderes de MPMEs do Brasil entre 14 e 15 de novembro de 2022, das quais 58 (19%) foram com lideranças de microempresas, 130 (42%) de pequenas e 124 de médias (40%). Conforme a autoidentificação dos respondentes, destacam-se os gerentes (38%) e donos(as) ou sócios(as) da empresa (36%). No total 21% das empresas pertencem ao setor de Tecnologia e Comunicações, destas 30% são de médio porte, 18% pequenas, e 9% micro. O Comércio Varejista é o segundo mais citado (12%), setor no qual prevalecem as microempresas (15,5%), sendo que as de pequeno e médio porte correspondem a 4,6% e 7,3%, respectivamente. São Paulo se destaca como o estado onde há a maior concentração de centros de operação (115), seguido por Minas Gerais (32), Rio de Janeiro (28), Paraná (21) e Rio Grande do Sul (21).