Se há um assunto que afeta empresas dos mais diversos segmentos de atuação, além de praticamente todos os departamentos internos das companhias, trata-se da segurança cibernética. A relevância atual do tema fez com que três importantes comitês do Movimento Inovação Digital (MID) promovessem, em conjunto, um webinar sobre cibersegurança.
O painel, denominado “Estudo de casos reais em cibersegurança” contou com palestra do head de cibersecurity and operations da First Tech, Reginaldo Sarraf e debateu os desafios da segurança cibernética, o cenário atual, as perspectivas futuras em cibersegurança, entre outros tópicos. O evento contou com realização do MID e da First Tech, com mídia oficial Inovativos.
“O mundo está em constante e rápida transformação, impactando tanto as pessoas quanto os negócios. Nesse ambiente de incertezas, os incidentes cibernéticos são constantes”, afirma Sarraf. “Isso nos demanda habilidades comportamentais específicas e soft skills. Da mesma forma, uma gestão baseada em dados e o uso do Business e Security Intelligence tornam-se essenciais para as empresas”, completa.
Cenário
De acordo com o executivo da First Tech, o Brasil responde atualmente por cerca de um terço de todos os ataques cibernéticos na América Latina. Os fatores motivadores das violações são financeiros e as principais vulnerabilidades que contribuem para os ataques são manuais e procedimentos de respostas a incidentes inadequados, falta de visibilidade ou registro de rede e sistema, além de gerenciamento inadequado de patches.
“A visibilidade dos riscos deve ser de todas as áreas das empresas, e não apenas dos CISOs. No entanto, as companhias enfrentam grandes dificuldades de montar e reter times. Também há um enorme gap de recursos, o que aumenta a necessidade de elevar a maturidade dos processos e controles”, explica Sarraf.
A dificuldade de montar e reter equipes qualificadas em segurança cibernética, por sinal, é apontada pelos líderes dos comitês do MID como um dos principais desafios do setor. “É difícil contar com uma estrutura completa de pessoal em cibersegurança e levar maturidade na velocidade que é necessária, ainda mais no Brasil. Ainda estamos muito imaturos diante do tamanho do problema”, destaca Guilherme Kato, líder do Comitê de Tecnologia do MID.
Na opinião de Samanta Oliveira, líder do Comitê de Privacy do MID, “temos um gap de fator humano em cibersegurança. Por mais que treinemos funcionários e colaboradores, ou por mais que sejamos peritos na área, sempre estaremos expostos. Você pode implementar todos os controles de segurança e ainda assim estar suscetível por conta de uma fragilidade decorrente de um treinamento que não foi bem realizado ou desatualizado”, conta.
Nesse contexto de falta de mão de obra qualificada, Sarraf aponta duas alternativas: a primeira delas envolve a montagem de um time interno de cibersegurança. Mas a tarefa não é fácil, já que além da dificuldade de achar bons profissionais disponíveis, o mercado está inflacionado. “Um caminho é capacitação interna, principalmente de pessoas que já possuem a cultura da empresa. Mas esse processo de formação é demorado”.
Outra alternativa citada pelo executivo da First Tech é buscar parceiros. “Embora tenha o mesmo desafio, um parceiro busca o desenvolvimento interno constante e monta times experientes e com visões multidisciplinares que atuam para diversas empresas, o que facilita a atuação em diferentes cenários”, explica Sarraf.
Perspectivas
Os incidentes de segurança são a prioridade número um para 53,6% dos executivos de TI no Brasil e para 50,6% dos executivos de TI da América Latina este ano, de acordo com o levantamento IDC Predictions Brazil 2023. Além disso, 62% das empresas no País consideram segurança da informação uma das principais lacunas de habilidades técnicas.
O mesmo estudo mostra que a América Latina terá a segunda maior taxa de crescimento para cibersegurança em 2023 (12,2%), perdendo apenas para a China. No Brasil, os gastos com soluções de segurança atingirão US$ 1,38 bilhão este ano, 13% maior que em 2022. De acordo com o relatório The Global Risck Report 2023, do Fórum Econômico Mundial, a cibersegurança, ao longo dos próximos dez anos, será a oitava maior preocupação global de risco.
Por fim, o Gartner prevê que, em 2025, 40% dos conselhos de administração terão um comitê de segurança cibernética dedicado, supervisionado por um membro qualificado do conselho, contra menos de 10% hoje.
“O cenário é desafiador e há muito trabalho pela frente. Uma boa experiência do cliente certamente deve ser segura também. Temos, isso sim, que encontrar caminhos para acomodar a experiência do cliente com a cibersegurança, por meio de tecnologias e boas práticas”, conclui Rodrigo Tavares, líder do Comitê de Customer Experience (CX) do MID.
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