No início desta semana, o Comitê de Dados Abertos e Digitalização do Movimento Inovação Digital (MID) divulgou um manifesto em que reforça o compromisso da entidade com um País mais digital, inovador e dedicado a políticas públicas eficientes. No documento, o MID afirma acreditar na abertura de dados para impulsionar novos negócios, gerar transparência e para a melhoria na entrega de serviços públicos.
Nesse contexto, o manifesto defende a discussão sobre como podemos avançar na agenda de abertura de dados gerados ou custodiados pelo poder público, celebra os avanços em digitalização de serviços públicos e apoia a visão de Governo como Plataforma, baseada no compartilhamento de infraestrutura de dados e tecnologia para uso de órgãos públicos e entidades privadas.
De acordo com o líder do Comitê de Dados Abertos e Digitalização do MID, Joelson Vellozo, o manifesto tem o objetivo de contribuir para ampliar e popularizar a compreensão sobre os benefícios da agenda do Comitê. “É apenas o primeiro passo nessa caminhada de apoiar a construção de um ecossistema de transparência e integração de dados entre governos e empresas”, afirma.
Na conversa com a reportagem, Joelson – que é diretor de relações públicas e parcerias no Gringo – fala sobre os objetivos e os projetos do Comitê – onde assumiu a liderança no primeiro semestre deste ano -, além dos desafios para as áreas de dados abertos e digitalização. Confira a entrevista com Joelson Vellozo:
MID – Qual a principal missão do Comitê de Dados Abertos e Digitalização do MID?
Joelson Vellozo – Temos no Comitê a enorme missão de apoiar a construção de um ecossistema de transparência e integração de dados entre governos e empresas. Mas por que isso importa? Por um lado, porque dados são a matéria prima da transformação digital do Estado e das empresas. No caso do governo, em particular, não existe governo digital de fato (transparente, efetivo e simples) sem integração de dados entre órgãos públicos e entre estes e o setor privado.
Adicionalmente, dependem fundamentalmente desta integração todas as inovações em políticas públicas e em modelos de negócios que resultarão em mais renda e desenvolvimento para o País. Em resumo, não existe qualquer movimento para a inovação digital, seja no Estado ou no mundo privado, sem dados que transitam e são utilizados com baixo custo, transparência e segurança. Trata-se de uma agenda em que todos ganham: o Estado, as empresas e, especialmente, o usuário / cidadão.
MID – E os pilares que permearão a atuação do Comitê?
Joelson Vellozo – O principal pilar é o da cooperação e alinhamento entre as empresas do Movimento Inovação Digital. Dados abertos é, na minha opinião, a agenda pública mais transversal e atual entre todas as que enfrentamos como associação. Todos os setores da economia digital são impactados pelos rumos desta agenda. Tudo isso nos torna, então, mais fortes nesta causa, que faremos avançar por meio da produção de estudos, da promoção de debates públicos, da mobilização da sociedade civil e do apoio ao poder público.
MID – Em quais iniciativas atualmente o Comitê está envolvido?
Joelson Vellozo – Nosso trabalho ainda está em fase inicial, mas já temos atuado de forma sistemática em consultas públicas e agendas oficiais dos governos estaduais e federal, como é o caso do processo de formulação da nova Estratégia Nacional de Governo Digital e os debates que serão levados pelo MID ao Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável da Presidência da República.
MID – Quais os principais desafios a curto, médio e longo prazo para a área de dados abertos e digitalização?
Joelson Vellozo – No curto prazo, enfrentamos o desafio de ampliar e popularizar a compreensão sobre os benefícios desta agenda. Só haverá mudança da realidade se as partes envolvidas se comprometerem com os resultados da abertura, da interoperabilidade e da digitalização de serviços. Sabendo do impacto, o esforço no processo é relativizado.
A partir daí, surgem novos desafios tecnológicos e normativos para a garantia da qualidade dos dados compartilhados, o estabelecimento de padrões e formatos comuns para a interoperabilidade dos sistemas, a proteção da privacidade e segurança das informações e a acessibilidade universal dos dados, considerando as diversas habilidades tecnológicas da população.
No longo prazo, o desafio é o da transformação da cultura de dados nas organizações públicas e privadas, onde não apenas as estruturas de governança estão adequadas para lidar com as complexidades da revolução digital em curso, mas também onde aspectos éticos, de transparência e de colaboração orientada por dados estão consolidados. Ao longo do caminho, a formação de novas capacidades digitais da força de trabalho para lidar – e liderar – com dados será um esforço necessário da parte de todos.